Fotografia e memória em ‘Resistências Originárias’
Resistências Originárias, nova exposição do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM), propõe um mergulho na obra de Christine Leidgens. A fotógrafa belga, que morou seis anos no Maranhão, traz um panorama com imagens inéditas de cinco comunidades, entre América Latina e África. O trabalho, construído ao longo de décadas, transcende o caráter documental e revela a relação de profunda intimidade que a artista estabeleceu com as pessoas retratadas. O resultado são registros que expressam diálogos profundos entre histórias, paisagens e práticas coletivas.
ResumoExposição traz séries inéditas da fotógrafa Christine Leidgens, que viveu seis anos no Maranhão;
Registros revelam a vida de comunidades na Bolívia, Amazônia, África, Venezuela e no Quilombo de Frechal;
Mostra destaca resistência cultural, práticas coletivas e a fotografia como ferramenta de memória e autonomia.
As séries fotográficas mostram os trabalhadores indígenas da Bolívia, comunidades quilombolas e povoados negros da Amazônia e da África, além do povo Piaroa, na Venezuela, reconhecido por seus saberes sobre o uso sustentável da floresta. Cada imagem evidencia como essas comunidades mantêm vivas tradições ancestrais, articulando passado e presente em práticas cotidianas que resistem às pressões externas. Seja nas festas populares, nas técnicas artesanais, na rotina de trabalho ou nos gestos de partilha, a cultura se revela como eixo de continuidade e transformação.
Um dos destaques da exposição é o registro do Quilombo de Frechal, em Mirinzal (MA). Além de fotografar, Leidgens permaneceu na comunidade ouvindo depoimentos de seus moradores e expõe, em seus registros, a luta pela liberdade e a resistência dos negros no Maranhão. Segundo o curador, a mostra possibilita a experiência de lutas comunitárias pela autonomia da vida: “Em sua permanência em meio aos povos originários, Christine possibilitou a passagem de bastão para que, hoje, as próprias comunidades produzam suas imagens de registro”, explica Gabriel Gutierrez. O exemplo mais flagrante desse movimento é a fundação do Espaço Fotográfico do Quilombo do Frechal, que consiste em uma casa quilombola dedicada à memória imagética, mantida pela comunidade e para a comunidade. “A fotografia, dominada por eles, por mãos próprias, legada pela fotógrafa, configurou-se como uma arma potente de reativação de memórias e reconhecimento de seu lugar central no jogo político, enquanto agentes criadores de autonomia”, finaliza Gabriel.
Ao unir sensibilidade artística e rigor documental, Christine Leidgens oferece ao público uma oportunidade de reconhecer a autoria desses povos na criação de mundos, linguagens e saberes. O Instituto Cultural Vale convida os visitantes do CCVM a compartilhar essas imagens tão preciosas, convidando-os a mergulhar no universo de Christine Leidgens reconhecendo, em cada fotografia, a força de quem insiste em originar o mundo todos os dias.
Resistências Originárias ficará em cartaz de terça-feira a sábado, das 10h às 19h. O CCVM está localizado à rua Direita, nº 149, Centro Histórico de São Luís e é aberto ao público, com visitações gratuitas.
#Amazônia #AméricaLatina #autonomia #África #Bolívia #CCVM #CentroCulturalValeMaranhão #ChristineLeidgens #comunidadesTradicionais #cultura #EspaçoFotográficoDoQuilomboDoFrechal #fotografia #GabrielGutierrez #InstitutoCulturalVale #memória #Mirinzal #povoPiaroa #povosOriginários #práticasColetivas #QuilomboDeFrechal #resistênciaCultural #ResistênciasOriginárias #RuaDireita #saberesAncestrais #SãoLuís #Venezuela