Paracetamol na gravidez não tem ligação comprovada ao autismo
Depois da grande repercussão criada por uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em que ele afirmava: “Tomar Tylenol não é bom. Eu digo: não é bom”, relacionando o uso do medicamento durante a gravidez a um risco elevado de autismo, surgiram diversos questionamentos sobre a veracidade dessa associação, levando a comunidade científica a se manifestar.
Segundo a farmacêutica e professora do curso de Farmácia da UniFacimp Wyden, Mayla Lucena, atualmente não existe evidência científica sólida que comprove uma relação causal entre o uso de paracetamol (princípio ativo do Tylenol) na gestação e o desenvolvimento de autismo na criança.
A maioria dos estudos não faz essa associação. Inclusive, podemos citar uma grande pesquisa realizada na Suécia, que acompanhou cerca de 2,5 milhões de crianças, e cujo resultado não identificou nenhuma ligação direta
Mayla ressalta que alguns trabalhos sugerem uma possível relação, mas esses dados, segundo ela, são frágeis e apresentam limitações metodológicas. Por isso, até o momento, não há contraindicação formal e concreta ao uso do paracetamol em gestantes, sendo ele ainda considerado o analgésico e antipirético de primeira escolha nessa população.
“O autismo é uma condição multifatorial, relacionada a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e epigenéticos. A informação sobre uma possível relação entre o uso de Tylenol (paracetamol) na gestação e o autismo ainda é vaga e não possui evidência científica robusta. Os próprios estudos reforçam que não há consenso sobre esse vínculo e, portanto, não é possível afirmar que o medicamento seja um fator determinante para o desenvolvimento do transtorno do espectro autista”, completa a professora da UniFacimp Wyden.
Qual a opção mais segura?
A farmacêutica explica que a recomendação principal é sempre seguir a orientação médica. O paracetamol pode ser utilizado com segurança, desde que respeitadas as doses prescritas e sem ultrapassar a dose diária máxima, especialmente em casos de febre alta, que também pode trazer riscos ao bebê. O uso deve ser pontual, evitando a automedicação e o consumo prolongado.
Ela reforça ainda que é fundamental que gestantes não utilizem, por conta própria, medicamentos como ibuprofeno e aspirina em doses regulares, já que apresentam riscos bem documentados para o feto, como o fechamento prematuro do canal arterial, maior risco de sangramentos e complicações cardiovasculares.
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