‘Eu Capitu’ chega a São Luís com oficinas e reflexões

São Luís recebe pela primeira vez o espetáculo Eu Capitu, com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, inspirado no clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis. As apresentações acontecem de 21 a 23 de agosto, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton – avenida dos Holandeses, Condomínio Fecomércio. Como parte da programação da temporada em São Luís, serão realizadas duas oficinas no dia 22 de agosto, das 9h às 13h.

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A primeira delas é a oficina Petrobras Eu Outra, que será ministrada por Miwa Yanagizawa. A atividade vai propor a busca da construção de fricções entre narrativas pessoais e ficcionais a partir de objetos afetivos escolhidos pelas participantes. Voltada a artistas e estudantes de teatro, a atividade será realizada das 9h às 13h, na sala de dança do Sesc Deodoro. As inscrições estão disponíveis pela internet.

Miwa Yanagizawa é atriz, diretora de teatro, fundadora do Areas Coletivo, onde destacam-se as seguintes criações: Naquele dia vi você sumir, espetáculo feito em parceria com atores do Grupo Magiluth inspirada no livro Eles eram muitos cavalos, de Luiz Rufatto; Plano sobre queda, dramaturgia realizada em colaboração do coletivo com Emanuel Aragão; e Breu, de Pedro Brício, que recebeu Prêmio Questão de Crítica de Melhor Direção e Iluminação e Prêmio APTR de Melhor Cenografia. Como atriz, atuou em diversos projetos da TV Globo, entre novelas e séries, assim como, em filmes de longa e curta metragem.

A outra oficina é voltada para interessados em saber mais sobre os detalhes de uma produção executiva, como passos para a criação, planejamento e elaboração de um projeto cultural. A Oficina Petrobras da Ideia ao Projeto, com Felipe Valle, será realizada na Sala de Exposições do Prédio Fecomércio/Sesc/Senac, com inscrições gratuitas pela internet.

Felipe Valle é idealizador e diretor-geral da peça Eu Capitu. Ele é diretor da Fomenta Soluções Culturais; produtor, gestor e consultor cultural, com MBA em Gerenciamento de Projetos pela USP. Desenvolve projetos com foco em inclusão social e diversidade, com destaque para o projeto Sementes – Caminhos, para uma produção mais diversa, ciclo completo de formação em produção e gestão cultural voltado para agentes culturais não brancos. Com experiência em mais de 50 projetos de teatro, música e festivais, é responsável pela gestão de recursos e prestação de contas de grandes eventos como TriboQ Pride Festival (Rio de Janeiro, 2022), BudX (Rio de Janeiro, 2022) e as mostras de cinema Terry Gilliam – O Onírico Anarquista (CCBB RJ, BH e DF) e O Cinema de Tim Burton (CCBB RJ, BH e DF).

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‘Eu Capitu’: Machado de Assis pelo olhar feminino

Completando 125 de sua primeira publicação, o clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis, terá uma releitura encenada na capital maranhense, na peça Eu Capitu. Com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, o espetáculo visa dar voz às mulheres e traz à cena a história a partir da visão de Ana, uma menina prestes a entrar na adolescência, que vivencia o fim do relacionamento abusivo da mãe.

Em São Luís pela primeira vez, Eu Capitu terá apresentações nos dias 21, 22 e 23 de agosto, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton – avenida dos Holandeses, Condomínio Fecomércio. No dia 21, a sessão será exclusiva para estudantes da rede pública de ensino, às 15h. E nos dias 22, às 20h, e 23, às 19h, serão apresentações abertas ao público e gratuitas. No sábado, 23 de agosto, a sessão será acessível com recurso de audiodescrição, para pessoas com deficiência visual, e tradução em Libras, para pessoas com deficiência auditiva. A retirada de ingressos ocorre pela internet.

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O espetáculo vem como forma de alertar sobre o aumento nos casos de feminicídio, já que o Maranhão é uma das unidades da federação com o maior número de mortes de mulheres por questões de gênero, de acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em 2024, o Maranhão teve um aumento de 99,7% em atendimentos realizados na Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, dado que revela também o crescimento no número de mulheres vítimas de violência.

Para trazer a reflexão sobre esse tema, a obra lança mão de um olhar fantástico e atual para unir a ficção em cena à dura realidade das mulheres vítimas de violência.

Eu Capitu

“Logo de início, entendi que não queria uma peça realista. Se o assunto era muito duro e pesado, eu queria falar de uma forma doce e lúdica com a criação de um universo simbólico e metafórico”, resume Carla Faour, que chama a atenção pelo fato de a peça dar voz a mulheres em um mundo que tem a narrativa masculina, seja na política, nas artes, na história ou nas famílias.

Eu Capitu foi aprovado na Seleção Petrobras Cultural e conta com recursos através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura. A peça já foi apresentada em Brasília, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, com lotação máxima, e depois de São Luís segue para Rio Branco, Porto Velho, Salvador, Fortaleza e Manaus.

O olhar feminino da obra de Machado de Assis

Em Eu Capitu, a menina Ana, interpretada pela atriz Mika Makino, tem por hábito se isolar em um mundo imaginário como forma de fugir dos problemas que enfrenta em casa. Sua mãe, Leninha, representada pela atriz Flavia Pyramo, vive um relacionamento abusivo com o marido. A tensão doméstica acaba por refletir no rendimento escolar da menina que precisa tirar boas notas em Literatura para não repetir o ano. A prova final vai ser baseada na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. No entanto, a leitura afeta diretamente a menina que passa a enxergar pontos em comum entre o livro e sua vida.

Em seu refúgio fantástico, Ana começa a misturar ficção com realidade e recebe a visita de uma mulher misteriosa, que tem o rosto parecido ao de sua mãe. Aos poucos descobrimos que esta mulher é Capitu, a personagem ícone da obra Machadiana. Nesses encontros, Ana dá voz àquela mulher que só conhecemos através do olhar masculino. A improvável ligação entre elas serve à menina, que está entrando na adolescência, como um rito de passagem para o universo feminino adulto, em que ela começa a entender o que significa ser mulher num mundo narrado por homens.

Esta é a história da produção que se baseia nas provocações sobre o original machadiano e reflete sobre machismo, dores e silenciamentos de mulheres contemporâneas.

Eu Capitu

“No palco, as atrizes encenam uma história que se passa no Brasil de hoje, quando Ana, adolescente presa em um ambiente de tensão doméstica, presencia o fim de um relacionamento abusivo de sua mãe. Para nós interessa instigar o olhar da plateia, convidá-la a imaginar outras possibilidades narrativas, tomar consciência das coisas se valendo de mais de uma perspectiva. Portanto, juntas, levantamos questionamentos e nos apropriamos deles para desdobrá-los ao invés de buscar soluções definitivas”, ressalta a diretora Miwa Yanagizawa.

A peça foi idealizada pelo produtor Felipe Valle, após testemunhar indiretamente um episódio de violência doméstica em que não conseguiu intervir e teve a denúncia recusada pela polícia. O sentimento de impotência o levou intuitivamente a pensar em ‘Dom Casmurro’. Ao reler o livro com os olhos de agora, Valle percebeu toda a violência contida naquele clássico e resolveu trazê-lo para as luzes da ribalta pelo olhar feminino. “O convite para direção, escrita e encenação não foi à toa. São as mulheres que vão dar vida a esta história tão atual, eterna, cheia de nuances, simbolismos e de machismos do nosso sempre dia a dia”, pontua.

Atividades formativas

Além da apresentação do espetáculo, também serão realizadas duas oficinas em São Luís, na sexta-feira, 22 de agosto.

A Oficina Petrobras Eu Outra, que será ministrada por Miwa Yanagizawa, vai propor a busca da construção de fricções entre narrativas pessoais e ficcionais a partir de objetos afetivos escolhidos pelas participantes. Voltada a artistas e estudantes de teatro, a atividade será realizada das 9h às 13h, na sala de dança do Sesc Deodoro. As inscrições ocorrem pela internet.

Para interessados em saber mais sobre os detalhes de uma produção executiva, como passos para a criação, planejamento e elaboração de um projeto cultural, será realizada a Oficina Petrobras da Ideia ao Projeto, com Felipe Valle. É das 9h às 13h, na Sala de Exposições do Prédio Fecomércio/Sesc/Senac. Inscrições gratuitas pela internet.

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